Ausência de rituais dificulta luto pela perda na Covid-19 com a perda de um ente querido é sempre sofrida e dolorosa. Mas quando se trata de uma morte pela covid-19, essa experiência se complica.
Esse tema foi exposto pela psicóloga Mariele Rodrigues Correa, da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, câmpus de Assis, e pelo psicanalista André Gellis, da Faculdade de Ciências (FC), também da Unesp, em Bauru, em debate on-line promovido pelo Centro de Documentação e Memória (CEDEM), neste dia 5 de maio.
Mariele integra uma equipe de professores e alunos da FCL que elaborou a cartilha E os que ficam?, que informa sobre como lidar com um luto delicado como é o da covid-19. “Os rituais compõem atividades esperadas de nossa sociedade, independentemente de como a pessoa parte. É necessário que o fim seja concretamente posto, com práticas tais como velório, sepultamento, presença de familiares e conhecidos, a fim de que a visualização e a confirmação desse corpo falecido sejam permitidas. Isso contribui para uma maior aceitação da perda e para o processo de enlutamento”.
Ainda segundo a cartilha, “Com a pandemia, nada disso está sendo possível. As reações conhecidas do processo de luto permaneceram - negação, raiva, barganha, depressão e aceitação - mas com novas nuances, dolorosas e semeadas em um campo consumado pela não-despedida, pela impossibilidade do último adeus, do último abraço, de um final justo e honrado. Esta realidade propicia experiências de sofrimento para as pessoas atingidas por um tempo ainda mais indeterminado, fazendo com que o lidar com essas dores se torne, na grande maioria das vezes, quase que insuportável”.
O material alerta para a sobreposição do luto em decorrências das perdas coletivas: de liberdade de circular livremente, impossibilidade de reunião, mudanças e adaptações e/ou perda de trabalho, a insegurança financeira, entre outras.
No debate, Gellis lembrou outras consequências traumáticas que impactam o cotidiano dos indivíduos na pandemia. Por exemplo, as perdas afetivas. Ele explica que falta de amparo e ausência de suporte são alguns elementos que favorecem o trauma. Na opiniao do docente, "a experiência do luto é um remédio para o trauma".
Ações da Universidade na pandemia – Os docentes Mariele e Gellis estão envolvidos em projetos de extensão que visam dar suporte emocional para a elaboração desse período de perdas.
A docente do câmpus de Assis supervisiona e oferece orientação para membros do projeto que acolhe enlutados por perdas pela covid-19. O trabalho, que atende pessoas de todo o país, consiste em reuniões semanais em ambiente virtual, com quatro grupos de quinze a vinte pessoas com até 1h30 de duração. A cartilha E os que ficam? é ofertada também para essas pessoas. “Nossa produção de conhecimento deve estar voltada para a população,” destaca Mariele.
Gellis participa de um projeto institucional, interunidade, iniciado em abril de 2020, que conta com a participação dos Centros de Pesquisa e Psicologia Aplicada dos câmpus de Assis e de Bauru. O projeto consiste em atender a comunidade da unesp para permitir a elaboração da experiência na pandemia.
Os grupos são formados por categorias de alunos, calouros, docentes, funcionários. “O distanciamento social impôs perda de referências,” fala Gellis. “Os calouros não conhecem seus locais de estudos e não podem fazer a integração com a comunidade.” Para o docente, a Universidade criou uma resposta para o impacto da pandemia.
Acesse a Cartilha E os que Ficam?
O Peso da Alma: o experimento dos 21 gramas que tentou provar a existência da alma humana
Em 1907, uma das perguntas mais intrigantes da humanidade atravessou a fronteira entre a ciência e o mistério: a alma humana tem peso? Essa questão levou o médico norte-americano Duncan MacDougall a realizar um experimento que se tornaria um dos episódios mais curiosos — e controversos — da história científica moderna. MacDougall acreditava que, se a alma existisse como uma entidade separada do corpo, ela deveria possuir massa. Para testar essa hipótese, ele colocou pacientes em estado terminal sobre uma balança extremamente sensível, projetada para detectar variações mínimas de peso. O objetivo era simples e perturbador: observar se haveria alguma mudança no exato momento da morte. Segundo os registros do médico, em um dos casos ocorreu uma perda súbita de aproximadamente 21 gramas no instante em que o paciente faleceu. MacDougall interpretou esse valor como o possível peso da alma deixando o corpo físico. A conclusão foi publicada em revistas médicas da época e rapidamente ganhou rep...

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